A Casa Branca anunciou, nesta quarta-feira (28), que grandes corporações de alimentos, incluindo a gigante do fast-food Burger King, comprometeram-se a investir bilhões de dólares em uma estratégia nacional para acabar com a fome e a obesidade nos Estados Unidos.
O compromisso do setor privado foi revelado durante a conferência “Fome, Nutrição e Saúde”, que reuniu líderes governamentais, acadêmicos e ativistas com “o objetivo de acabar com a fome e reduzir as doenças relacionadas à dieta nos Estados Unidos até 2030”.
O governo do presidente Joe Biden classificou a reunião como a primeira grande cúpula da Casa Branca sobre alimentos desde que Richard Nixon esteve no cargo (1969-1974), há mais de meio século.
Quase 42% dos adultos americanos são tecnicamente obesos, e cerca de 10% das famílias americanas têm insegurança alimentar, de acordo com as últimas estatísticas do governo.
“Se você não consegue alimentar seu filho, o que mais importa?”, perguntou Biden, dirigindo-se ao público.
“Nos Estados Unidos, nenhuma criança deve ir para a cama com fome. Nenhum pai deve morrer de uma doença que pode ser evitada”, frisou.
Biden disse ainda que quer assegurar que mais nove milhões de crianças sejam elegíveis para receberem almoço gratuito na escola, um “primeiro passo importante” em um país onde se diz que o cardápio dos refeitórios é muito desequilibrado.
O presidente procurou pela congressista republicana Jackie Walorski, que colaborou com o plano. Ela morreu em um acidente em agosto. “Jackie, você está aqui? Onde está Jackie?”, perguntou à multidão.
As autoridades disseram à imprensa que os US$ 8 bilhões prometidos pelos setores público e privado incluem contribuições de mais de 100 organizações, desde hospitais a empresas de tecnologia e atores da indústria de alimentos.
“Todos fizeram compromissos ousados e, em alguns casos, de mudança de paradigma que vão melhorar significativamente a nutrição, promover a atividade física e reduzir a fome e as doenças relacionadas à dieta nos próximos sete anos”, disse um funcionário.
Segundo a Casa Branca, a má alimentação é responsável pelos casos cada vez mais frequentes de doenças como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e certos tipos de câncer. “Não existe receita mágica para superar esses problemas complexos”, frisou a Casa Branca.
Uma ideia defendida pelo governo é regulamentar o uso do termo “saudável” nas embalagens dos alimentos.
“Mais de 80% das pessoas nos Estados Unidos não comem vegetais, frutas e laticínios suficientes. E a maioria das pessoas consome muito açúcar adicionado, gordura saturada e sódio”, de acordo com a FDA, a agência responsável pelo setor de alimentos e medicamentos nos EUA.
A General Electric (GE), empresa multinacional de energia, aviação e atenção à saúde, e especialistas em inovação da indústria de alimentos Food Systems for the Future se preparam para lançar uma coalizão de investidores privados, dotada de US$ 2,5 bilhões, nos próximos três anos.
A Associação Nacional de Restaurantes ampliará um projeto destinado a fazer com que as crianças comam alimentos mais saudáveis para 45.000 estabelecimentos, incluindo redes como o Burger King.
Já o gigante de TI e comunicações Cisco contribuirá com US$ 500 milhões durante cinco anos para comidas mais saudáveis e produção de alimentos nas áreas onde opera.
Entre os compromissos não financeiros apresentados nesta quarta-feira está, por exemplo, a promessa da gigante de alimentos Danone de reduzir o teor de açúcar dos produtos infantis.
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Por Redação do Jornal de Brasília com informações de Sueli Moitinho
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