Pioneiro na vacinação contra o HPV, DF está bem abaixo de atingir a meta

Pais e especialistas apontam como principais barreiras para a vacinação a falta de conhecimento, as informações falsas e a escassez de campanhas de esclarecimento sobre a necessidade de tomar a dose

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A cobertura vacinal contra o HPV (Papilomavírus Humano) no Distrito Federal tem se mostrado preocupante. Dados recentes revelam que apenas 59,4% das meninas e 29,9% dos meninos foram vacinados, números que estão bem abaixo do esperado pelas autoridades de saúde. O DF foi a primeira unidade da Federação a oferecer a vacina contra o HPV, começando a imunizar meninas em 2013 e meninos 4 anos depois, em 2017. Mesmo com o pioneirismo, a capital está abaixo da meta de cobertura vacinal estabelecida nacionalmente, que é alcançar toda a população entre os 9 e os 14 anos.

Importância

O HPV é um vírus altamente transmissível que pode causar várias doenças, incluindo cânceres de colo do útero, pênis, ânus, garganta e verrugas genitais. A vacinação é uma medida preventiva essencial, especialmente porque muitos tipos de HPV não apresentam sintomas visíveis imediatamente após a infecção, o que pode levar a complicações graves ao longo do tempo.

De acordo com o Dr. Claudilson Bastos, infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, a baixa cobertura vacinal é preocupante, “Muitos dos jovens começam a vida sexual mais cedo e, obviamente, o risco de transmissão e infecções sexuais transmissíveis é maior. Sendo assim, a vacinação contra o HPV é indicada justamente a partir dos nove anos de idade, sendo menor o risco da pessoa contrair o vírus”, explica.

Embora tradicionalmente associada à prevenção do câncer de colo do útero, a vacina contra o HPV também é crucial para os meninos. A vacinação dos adolescentes não só os protege, mas também ajuda a reduzir a transmissão do vírus na comunidade. Segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), apenas 7,1% dos meninos com 9 anos — idade indicada para começar o processo de imunidade — tomaram a vacina entre 2017 e 2023. 

Desafios

Os índices de vacinação abaixo do esperado no Distrito Federal refletem desafios que vão desde a falta de informação até mitos sobre a segurança da vacina. “Existem várias fake news relacionadas à vacina. Outra questão relevante é que os jovens acham que eles são imunes a tudo. Porém, isso é uma ilusão, muitos jovens e pais também acham que a vacinação é somente na infância, o que é errado. É essencial ter uma qualidade de vida e a vacinação faz parte disso”, evidencia o infectologista. 

Júlia de Oliveira Salgado, 25 anos, é mãe da pequena Helena, 5, e se programa para vacinar a filha quando ela completar 9 anos de idade. “Pretendo levá-la para vacinar assim que for possível. Prezo por essa questão e quero que minha filha tenha essa prevenção, assim como eu tenho”, afirma. 

Júlia ainda acrescenta que sente falta de uma divulgação mais efetiva acerca da vacina contra o HPV. “Quando adolescente, tomei as doses na escola, mas hoje, sinto que a divulgação sobre a doença e a prevenção não são mais divulgadas como antes. Se a divulgação crescer, a procura por ela com certeza vai aumentar”, expõe a auxiliar administrativa. 

Devido à baixa procura, em abril deste ano, o Ministério da Saúde adotou uma nova estratégia de vacinação. Agora, o imunizante é oferecido em dose única, com o objetivo de aumentar a adesão à vacinação e ampliar a cobertura vacinal, visando eliminar o problema de saúde pública. O público-alvo continua sendo formado por meninas e meninos de 9 a 14 anos, visando protegê-los antes da exposição ao vírus. O grupo prioritário também inclui pessoas com imunidade baixa, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme disposição do Programa Nacional de Imunizações (PNI), podendo receber a vacina até os 45 anos.

A vacina do HPV pode ser encontrada em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do DF. Para aqueles que são imunobiológicos especiais (portadores de imunodeficiência congênita ou com condições especiais de comorbidade), as vacinas são oferecidas no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais do Distrito Federal (Crie/DF) e no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).

Por Luiza Marinho do Correio Braziliense

Foto: Kayo Magalhães/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense

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