Quatro militares do Exército brasileiro ligados às Forças Especiais, apelidados de “kids pretos”, foram presos nesta terça-feira (19/11) suspeitos de planejar matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes após as eleições de 2022.
“Kid preto” é um apelido informal para militares que fazem parte do grupo de Forças de Operações Especiais do Exército Brasileiro. Eles recebem esse nome devido ao fato de usaram, durante operações, gorros pretos na cabeça.
Os “kids pretos” podem ser militares tanto da ativa quanto da reserva da instituição que sejam especialistas em operações especiais. Há um processo seletivo para participação no grupo, que é realizado entre militares voluntários que realizam curso de Ações de Comandos e Forças Especiais.
Depois, eles passam por formação em centros de operações especiais, onde aprendem a atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência.
O Exército havia confirmado, em 2023 — quando havia cerca 2,5 mil ‘kids pretos’ —, a existência e operação das tropas desde 1957. Elas podem atuar em todo o território nacional, mas só podem ser empregadas por ordem do Comando do Exército.
De acordo com o que disse a instituição ao g1, as forças especiais são utilizadas “sempre com base em um arcabouço legal, respeitando regras de engajamento previstas para a sua atuação operacional”.
Três dos quatro “kids pretos” presos nesta terça suspeitos de tentativa de golpe de Estado estavam na ativa, dois majores — Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra Azevedo — e um tenente-coronel — Helio Ferreira Lima. Um deles, o general de brigada Mario Fernandes, estava na reserva.
Pronunciamento do Exército
Em nota divulgada à imprensa, o Exército Brasileiro informou que “na operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 19 de novembro de 2024, foram presos o General de Brigada Mario Fernandes, da Reserva, e os Tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Rafael Martins de Oliveira”. A instituição garantiu que os três últimos, da ativa, “não se encontravam participando da Operação de GLO na Cúpula do G20”, como divulgado pela mídia anteriormente.
“O General Mário Fernandes e o Tenente-Coronel Hélio Ferreira Lima encontravam-se no Rio de Janeiro para participar de cerimônias de conclusão de cursos de familiares e amigos. O Tenente-Coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo deslocou-se para a guarnição, a serviço, para participar de outras atividades e não fez parte do efetivo empregado na operação de GLO. O Tenente-Coronel Rafael Martins de Oliveira já se encontrava afastado do serviço por medidas cautelares determinadas pela justiça”.
Por fim, o Exército afirmou que “não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos”.
Por Lara Perpétuo do Correio Braziliense
Foto: RAFAEL / Reprodução Correio Braziliense