A modalidade Canoa Polinésia, ou VA’A, está concorrendo ao prêmio “Os Melhores do Esporte 2024”, promovido anualmente pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer do Distrito Federal (SELDF). O prêmio busca reconhecer e valorizar publicamente o desempenho técnico e pessoal de atletas, paratletas e técnicos que se destacaram ao longo do ano. Este ano, o esporte está sendo representado pela atleta Raquel França de Queiroz, de 43 anos, que vem ganhando destaque mundial no cenário da canoagem.
Raquel, que também é personal trainer, começou a praticar o esporte no final da pandemia, quando as atividades ao ar livre foram liberadas. “Eu comecei a remar por lazer, e algumas pessoas que me viam começaram a dizer que eu tinha muita habilidade. Depois de um tempo, um amigo comprou uma canoa, me deu para treinar e disse: ‘Vai para o Campeonato Brasileiro, que você vai ser só sucesso’”, conta. A partir daí, ela seguiu se destacando na modalidade. No segundo ano de sua trajetória, subiu ao pódio no Campeonato Brasileiro e Panamericano e conquistou uma medalha em um campeonato mundial.
Além de competir, Raquel criou o projeto Maranata, uma iniciativa gratuita em que os atletas não pagam pelo treinamento e contam com apoio de patrocinadores para reduzir custos. “Quando comecei a remar, percebi uma grande desorganização e falta de informações técnicas e táticas. Com a experiência que adquiri como ciclista profissional por 15 anos, vi no VA’A uma carência de disciplina e conhecimento sobre alto rendimento. Foi daí que surgiu a ideia de criar o Maranata para oferecer esse ambiente estruturado e focado no desempenho”, conta Raquel. Atualmente, o projeto conta com 12 atletas, sendo seis de Brasília e seis de outras regiões do país.
Atualmente, Raquel realiza seus treinamentos na base de canoa havaiana da Remo Brasília, na escola de Canoa Havaiana AVA Canoeiros do Paranoá e na Alma Azul Academy. “O prêmio da SELDF é importante para mim, pois traz credibilidade ao projeto e serve como exemplo. O VA’A ainda é uma modalidade recente no Brasil, com pouca organização”, afirma.
Com mais de 3 mil anos de história, o esporte tem suas raízes na cultura dos povos da Polinésia, que utilizavam essas embarcações para transporte, pesca e exploração marítima. No Brasil, a Canoa Polinésia chegou na década de 1990, trazida por surfistas e atletas que conheceram o esporte no exterior. Inicialmente praticada no litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, a modalidade se expandiu para outras regiões costeiras e águas interiores, adaptando-se à diversidade geográfica do país. Hoje, o Brasil conta com cerca de 20 mil praticantes, mais de 100 clubes e destaque em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Bahia. No cenário internacional, eventos, como o Hawaiki Nui Va’a, realizado no Taiti, são referência, reunindo milhares de atletas de todo o mundo.
O prêmio
A edição deste ano será realizada nesta segunda-feira, 27 de janeiro, no Clube Ascade, às 18h, em uma cerimônia que celebrará as conquistas e trajetórias dos esportistas do Distrito Federal.
O evento contará com cinco categorias principais. Entre elas está a categoria “Melhor Atleta Olímpico”, que reconhece os destaques das modalidades olímpicas, escolhidos por uma comissão de jurados. Da mesma forma, que a categoria “Melhor Atleta Paralímpico” premiará os melhores. Além disso, serão homenageados os destaques das modalidades que não integram os programas olímpico e paralímpico, também definidos por jurados
O prêmio também abre espaço para a participação popular nas categorias “Atleta da Galera Olímpico” e “Atleta da Galera Paralímpico”, que reconhecem os melhores atletas. Nessas categorias, os vencedores serão escolhidos por votação popular, realizada on-line no site oficial da Secretaria de Esporte e Lazer do DF, entre os dias 24 e 27 de janeiro de 2025.
Por Maria Eduarda Lavocat do Correio Braziliense
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução Correio Braziliense