Debate sobre segurança no Eixão vai além da redução da velocidade

Falas iniciais apontaram para uma realidade incômoda: quem tenta atravessar pela pista pode ser atropelado; quem tenta por baixo, pode sofrer violência

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O início do debate promovido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para discutir melhorias na travessia de pedestres no Eixão foi marcado por duras críticas à situação atual da via. As primeiras falas apontaram para uma realidade incômoda: quem tenta atravessar a via enfrenta um dilema cruel. “Se atravesso por baixo, corro risco de sofrer violência. Se passo por cima, arrisco minha vida, com a possibilidade de ser atropelado pelos carros”, resumiu o juiz Carlos Maroja, evidenciando o drama diário de quem se desloca sem um automóvel.

Durante o evento, realizado nesta quinta-feira (20/3), o juiz reforçou que o debate vai além da redução da velocidade, tema frequentemente polarizado entre defensores e críticos da medida. “O interesse que está em pauta não é propriamente a velocidade, mas o bem jurídico que é especialmente protegido: a vida com dignidade”, afirmou. Ele destacou que Brasília foi concebida com um viés rodoviarista, privilegiando os automóveis, mas que seus criadores também se preocuparam com os pedestres, como demonstram os pilotis das superquadras. “Queremos garantir que o cidadão preserve sua vida com dignidade no uso de uma das funções primordiais da cidade”, reforçou.

A falta de ação do poder público foi um dos pontos centrais do debate. O promotor Dênio Augusto ressaltou que já existem normas que preveem mudanças na mobilidade urbana, mas elas não saem do papel. “Estamos às vésperas de um novo Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU). Há legislações que trouxeram essa mudança, mas não vemos mais segurança”, criticou.

Na mesa, o poema do escritor Nicolas Behr, citado por Dênio, trouxe um tom simbólico e emocional à discussão. “Nossa Senhora do Cerrado / Protetora dos pedestres / Que atravessam o Eixão / Às seis horas da tarde / Fazei com que eu chegue são e salvo / Na casa da Noélia”, recitou.

Por Carlos Silva do Correio Braziliense

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense

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