DF terá missas pela eleição do novo papa após o período de luto

Ao CB.Poder, o vigário-geral da Arquidiocese de Brasília, padre Eduardo Peters, falou sobre a expectativa para o Conclave e explicou como será a liturgia nas igrejas após o período de luto pelo papa Francisco

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Os preparativos para a escolha do novo papa foram pauta do CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — que teve como convidado, nesta querta-feira (30/4), o vigário-geral da Arquidiocese de Brasília, padre Eduardo Peters. Aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza (D) e Roberto Fonseca, o religioso destacou que esse Conclave será bem diferente dos outros, porque o papa Francisco renovou o Colégio Cardinalício em 70% e haverá um debate mais globalizado para os rumos da Igreja Católica.

Como estão os preparativos para o Conclave?

Como Igreja, ainda estamos de luto. A cada dia, um dos cardeais está celebrando e apresentando as orações pelo papa que morreu. Mas o período agora é importante, pois estão acontecendo todos os dias as congregações entre os cardeais, que são de grande importância para o Conclave. Esse é o momento em que eles dialogam, estabelecem o novo caminho da Igreja e delineiam o perfil do próximo papa. Para nós, é um período de escuta e reflexão sobre os problemas da Igreja. Eles dialogam o que a Igreja precisa nesse tempo. Agora, vamos ver o que vai acontecer nesse processo para colher esse novo pontífice, que terá grandes desafios pela frente, como o mundo em guerras e uma Igreja que precisa ser unificada e pacificada.

Como são feitas as reflexões nas igrejas?

O cardeal de Brasília (Paulo Cezar Costa) foi nos representar. Às vésperas, nós conversamos um pouco sobre isso, e me parece que eles começam a dialogar, onde cada um tem cinco minutos para apresentar um pouco as próprias ideias. E na construção do processo, as ideias vão confluindo em uma direção. Não existe um roteiro, mas sim a possibilidade de todo mundo apresentar os dilemas e questões de necessidade da sua região. Esse Conclave é bem diferente dos outros sob certo aspecto, porque o papa Francisco renovou bastante o Colégio Cardinalício. Praticamente 70% foram nomeados por ele. O papa fez uma nomeação muito mais global. Antigamente, a maioria dos cardeais estava na Europa, mas, hoje, está muito mais distribuído. Então, há possibilidade de, pela primeira vez na história da Igreja, termos um debate mais globalizado e a chance real de um papa vir das periferias do mundo.

Como ficam as ruas de Roma no dia a dia do período do Conclave?

Estive na última edição do Conclave e vivemos uma série de situações curiosas. Primeiro, a renúncia do papa. Lembro-me que estava no colégio, mas, de repente, o papa convoca uma reunião com os cardeais e anuncia a renúncia. Eu estava lá na última audiência do papa Bento XVI, quando fez uma última aparição pública e encerrou seu pontificado. Tivemos o privilégio muito grande e uma memória muito bonita, porque os cardeais brasileiros estavam no colégio onde eu morava. Ao final de cada dia de trabalho das congregações, tínhamos a oportunidade de ter uma atualização do que era conversado. Curiosamente, acertei a fumaça branca, porque fui para a praça no dia e na hora em que saiu o resultado. A experiência é uma coisa única.

Qual a sua impressão sobre a reação dos fiéis de Brasília?

Graças a Deus, temos uma Igreja de Brasília muito viva. A participação dos fiéis nas paróquias é bastante grande. Temos párocos para todas as igrejas, o que é uma bênção. Todo mundo amava o papa Francisco. Acho que o sentimento de todo fiel católico é um pouco de orfandade, quando a lacuna do papa é sempre sentida de maneira concreta pelo católico, e a liturgia também provoca isso, porque essa ideia do luto de nove dias não acontece somente no Vaticano. Estamos todos rezando pela alma do papa, então, todos os dias, em todas as igrejas, às vezes a gente até erra, porque quando morre o papa, a gente suprime o nome dele na oração eucarística, até que tenha um novo papa. Com isso, o nome do papa vai para a oração dos fiéis defuntos, quando lembramos os mortos. Então é dolorido, até liturgicamente.

Qual a programação da Arquidiocese?

Ao mesmo tempo em que temos uma emoção confusa, porque temos o luto notório, claro, pela perda do papa Francisco, temos também uma expectativa pelo novo. Então, assim que terminam esses dias de luto, a liturgia muda também, porque começamos a rezar uma missa pela eleição do pontífice, então, toda a Igreja começa, depois de terminar o luto pelo papa Francisco, a rezar pelo novo papa, até que ele seja eleito.

Por Davi Cruz do Correio Braziliense

Foto: Ed Alves CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense

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