Remédio para a alma. Esse é o sentimento das mais de 50 pacientes oncológicas do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) que frequentam o grupo Florescer, iniciativa criada há um ano e meio na unidade. “O grupo promove pertencimento, apoio mútuo e, sobretudo, melhora significativa nos desfechos clínicos”, resume a gerente de Assistência Oncológica do HRT, Laurene Passos. “Nosso objetivo é garantir que todas as pacientes matriculadas aqui saibam que têm um espaço seguro e acolhedor, um lugar para chorar, rir, compartilhar experiências e participar de atividades que fortalecem não apenas o vínculo com o serviço, mas também entre elas mesmas”.
Moradora de Samambaia, Maria Clodoalda da Silva Lopes frequenta o grupo desde 2023 e afirma que o acolhimento das colegas tem sido parte importante no processo de tratamento. Colostomizada após um câncer de intestino, ela passa por acompanhamento.
“A cada reunião que venho, aprendo mais”, relata. “Cada uma tem um depoimento de experiência real, é um fortalecimento. Muitas vezes chegamos aqui meio baqueadas, mas nos ajudamos. O intuito é esse apoio psicológico. Tenho uma colega que percebo que melhorou muito, agora está mais alegre. O grupo também traz ressignificação, a gente dá mais valor às pequenas coisas.”
Além do consultório
Isa Alarcão de Carvalho Bento foi diagnosticada com câncer de mama e está há seis meses no Florescer. A moradora do Riacho Fundo conta que o grupo tem ajudado a criar laços e amizades: “Tive depressão, sem vontade de sair, só tomando remédio. É como se tudo para mim tivesse acabado. Depois que comecei a vir, melhorei bastante. Com essa troca, vejo que não sou a única a passar por isso. A gente se coloca no lugar de uma pessoa que às vezes está sofrendo mais e vemos que precisamos superar e ajudar umas às outras. Também nos falamos pelo WhatsApp dando esse apoio”.
Formado exclusivamente por mulheres em tratamento ou acompanhamento oncológico no HRT, o grupo se encontra todas as quartas-feiras, das 8h às 10h, na unidade de oncologia, sendo aberto a todas as mulheres cadastradas na unidade. Além dos bate-papos, elas também participam de oficinas de artesanato, recebem orientações de exercícios físicos e práticas alternativas, como o tai chi chuan, e fazem passeios. Em junho, organizaram um piquenique às margens do Lago Paranoá.
Quem recentemente aderiu ao grupo foi Marizan Pereira Porto da Fonseca, residente em Taguatinga. Ela teve câncer de mama há 30 anos e segue em acompanhamento. “Vi o grupo reunido e quis fazer parte”, conta. “Minha vida é como um livro. Tem uma página que faz parte dele que é esse grupo. A gente ouve um pouco da história de cada uma, vemos como podemos ajudar e que somos capazes de vencer. Essa superação só tem sentido quando é partilhada”.
Saúde mental
Na avaliação de Katarina Matos, psicóloga da unidade oncológica, o Florescer potencializa a saúde mental e o empoderamento feminino. “Elas gostam desse momento e fazem vínculos para além daqui, como ir ao shopping, ao cinema e almoçar”, enumera. “A gente pensa para além do adoecimento, não romantizamos, acolhemos a dor e o sofrimento, mas a gente pensa nas possibilidades para além disso. Temos também festas em todos os aniversários para comemorar a vida, viver o presente de uma forma plena”.
Por meio do programa “O câncer não espera. O GDF também não”, a Secretaria de Saúde (SES-DF) tem garantido atendimento mais rápido, coordenado e humanizado aos pacientes oncológicos. Nele, os pacientes são incluídos em lista de prioridade e encaminhados a uma fila única.
O tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) inclui cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapias-alvo. O tratamento é iniciado após o paciente ser avaliado por um oncologista. A porta de entrada é a unidade básica de saúde (UBS).
*Com informações da Secretaria de Saúde
Por Painel da Cidadania
Fonte Agência Brasília
Foto: Jhonatan Cantarelle/SES-DF