Saúde sexual: prevenção, vacinação e busca ativa reduz chance de HPV

Especialistas alertam para os riscos do vírus, que pode causar verrugas genitais e câncer anal, e reforçam a importância da vacinação, exames regulares e educação sexual

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Nesta quinta-feira (4/9), foi celebrado o Dia Mundial da Saúde Sexual, uma data que chama a atenção para a importância do cuidado contínuo com a saúde sexual, reconhecida como essencial para o bem-estar geral e como um direito humano fundamental. Mais do que um lembrete anual, a ocasião abre espaço para reflexões e debates sobre prevenção, diagnóstico precoce e acesso a tratamentos.

A saúde sexual vai além da ausência de doenças: envolve também aspectos físicos, emocionais, mentais e sociais ligados à sexualidade. Entre os maiores desafios nesse campo estão as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre elas está o papilomavírus humano (HPV), cuja alta prevalência e consequências de longo prazo exigem atenção.

De acordo com o coloproctologista Danilo Munhóz, o HPV é responsável por grande parte das complicações coloproctológicas, atingindo homens e mulheres. Estima-se que cerca de 80% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o vírus em algum momento da vida. Os impactos variam desde verrugas genitais até casos mais graves, como o câncer anal.

“O câncer anal é uma condição de saúde cada vez mais discutida em razão de sua associação com ISTs, especialmente o HPV, um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença. O contágio pelo HPV pode ocorrer por meio do contato sexual, independente se houver proteção, ela apenas minimiza o risco”, explica o especialista.

Entre as mulheres, os riscos se mostram ainda mais significativos. A coloproctologista Danilo Munhoz destaca que o HPV, além de provocar verrugas genitais, tem forte relação com o câncer do colo do útero — o segundo mais frequente entre mulheres em idade reprodutiva. Embora a identificação inicial da infecção nessa área seja realizada por ginecologistas, o acompanhamento coloproctológico é indispensável, pois o vírus também pode acometer a região anorretal.

A consulta proctológica complementa o trabalho ginecológico na prevenção e detecção do HPV porque o vírus não se restringe apenas ao colo do útero, segundo o especialista. “Ele também pode afetar o canal anal e a região perianal, tanto em mulheres quanto em homens”, explica. “Essa parceria entre as duas especialidades amplia a prevenção, permitindo que áreas frequentemente negligenciadas sejam monitoradas, reduzindo os riscos de evolução para o câncer anal.”

Além da consulta ginecológica regular, Munhoz recomenda manter alguns cuidados para reduzir as chances de uma infecção por HPV evoluir para câncer. O Papanicolau segue como principal exame para rastrear alterações no colo do útero e pode ser associado ao teste de HPV de alto risco. Mulheres com fatores de risco, como histórico de lesões cervicais ou imunossupressão, devem fazer acompanhamento coloproctológico com anuscopia e Papanicolau anal. “Hábitos saudáveis, como evitar o tabagismo, também ajudam. Consultas e exames regulares são fundamentais para o diagnóstico precoce e a prevenção de complicações graves.”

O diagnóstico é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, como anuscopia e biópsia, que identificam alterações celulares. Na prevenção, destacam-se o Papanicolau anal — sobretudo para grupos de risco — e a vacinação contra o HPV. Os tratamentos variam entre medicamentos tópicos, cirurgia, radioterapia e quimioterapia, conforme a gravidade e a localização da doença. A detecção precoce, no entanto, continua sendo a melhor forma de reduzir complicações e permitir intervenções menos invasivas.

Vacina contra HPV é indicada para meninos e meninas de 9 a 14 anos

No Distrito Federal, os índices de imunização contra o HPV ainda preocupam. O público-alvo da vacina são meninos e meninas de 9 a 14 anos, mas a campanha foi ampliada, de forma excepcional, para jovens de 15 a 19 anos até 31 de dezembro. Segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), havia 49 mil jovens dessa faixa etária sem nenhuma dose aplicada no início da ação. Até 22 de agosto, apenas 3.504 haviam sido vacinados — o que corresponde a 7,15% desse grupo.

Neste Dia Mundial da Saúde Sexual, a mensagem é clara: cuidar da saúde sexual é cuidar da vida. A ampliação da educação sexual, o incentivo à vacinação e a realização de exames regulares são passos decisivos para proteger a população e enfrentar os riscos trazidos pelo HPV.

O que é o HPV

  • O papilomavírus humano (HPV) é um grupo de vírus que infecta a pele e mucosas.
  • Existem mais de 200 tipos de HPV, dos quais cerca de 40 afetam a região genital.
  • O vírus é transmitido principalmente por contato sexual, incluindo relações vaginais, anais e orais.

Consequências do HPV

  • A maioria das infecções é assintomática e desaparece espontaneamente.
  • Alguns tipos de HPV podem causar verrugas genitais.
  • Tipos de alto risco podem levar ao câncer do colo do útero, ânus, pênis, vulva, vagina e orofaringe.

Prevenção recomendada pela OMS

  • Vacinação contra HPV: indicada principalmente para meninas e meninos de 9 a 14 anos, antes do início da vida sexual.
  • Exames regulares de rastreamento: como Papanicolau para mulheres, ajudam a detectar alterações precoces causadas pelo vírus.
  • Uso de preservativos: reduz, mas não elimina completamente, o risco de transmissão.
  • Educação sexual: conscientizar sobre a transmissão e prevenção do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Tratamento

  • Não existe cura para o HPV em si; o foco é tratar lesões e complicações, como verrugas ou alterações celulares.
  • O acompanhamento médico é essencial para detecção precoce de cânceres relacionados ao HPV.

Por Painel da Cidadania

Fonte Correio Braziliense

Foto: Freepik

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