Ajudar um amigo de forma prática, auxiliando nas atividades domésticas, preparando uma refeição ou buscando alguma encomenda pode ajudar no bom humor dos idosos. É o que revelou uma nova pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicada recentemente na revista Research on Aging, que se aprofundou no impacto emocional do apoio da amizade na terceira idade.
Crystal Ng, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade de Miami, destacou que, apesar da resistência masculina, as amizades têm benefícios únicos para ambos os sexos, algo que nem mesmo a família não consegue substituir. “Como os amigos são escolhidos e geralmente trazem alegria, eles podem ser especialmente importantes para o bem-estar emocional na terceira idade, particularmente para aqueles que são solteiros, viúvos, divorciados ou não têm filhos”, disse ela.
A pesquisa é uma das primeiras a examinar, em contextos cotidianos, como a convivência com amigos próximos influencia o humor diário de pessoas mais velhas e como essas relações variam entre homens e mulheres. Para o estudo, os pesquisadores entrevistaram 180 idosos com idade média de 74 anos, que relataram suas interações de apoio e humor a cada três horas, durante cinco ou seis dias.
O amparo emocional liderou a lista de formas pelas quais os idosos ajudam seus amigos, segundo o estudo, seguido por conselhos e assistência prática. “Existe o estereótipo de que, na velhice, os idosos geralmente só recebem apoio por serem frágeis, mas muitos idosos ainda oferecem ajuda”, disse Ng.
Conexão ativa
As descobertas destacaram novas chances para alimentar o bem-estar e a conexão na terceira idade. Segundo Ng, ações práticas podem refletir um envolvimento ativo e externo e, muitas vezes, envolvem esforço físico ou cognitivo, o que pode reforçar o senso de propósito e utilidade dos idosos. Para os homens mais velhos, em particular, promover essas formas ativas e práticas de ajudar pode se revelar especialmente valioso a longo prazo.
Para a psicóloga e psicanalista Silvia Oliveira, de Brasília, quando se fala de apoio emocional na velhice, se aborda também o legado. “Muitos idosos desejam deixar marcas positivas em seus vínculos, mas esbarram em modelos rígidos que seguiram por décadas. Reconhecer essas barreiras é o primeiro passo para construir relações mais acolhedoras.”
E prossegue: “Vale lembrar: nunca é tarde para aprender novas formas de cuidar e ser cuidado”. Segundo ela, o desenvolvimento emocional continua ao longo de toda a vida, e pequenas mudanças de postura podem transformar profundamente a qualidade das relações e a saúde mental na idade avançada.
Além do apoio social diário aos amigos, os pesquisadores planejam examinar no futuro a generosidade baseada na amizade. Além disso, pretendem investigar em pesquisas futuras quem motiva os amigos a prestar cuidados.
Por Painel da Cidadania
Fonte Correio Braziliense
Foto: Freepik










