O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neurológicas diagnosticadas com frequência no país. Conforme dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), 6% dos pacientes que possuem o diagnóstico estão na casa dos 45 anos, e 5,2% se encontram na faixa etária entre 18 e 44 anos.
O TDAH não é uma doença presente apenas na infância, como anteriormente era indicado. “A ciência vem mostrando que, em metade dos casos, os sintomas persistem na vida adulta, afetando o trabalho, os relacionamentos e até a autoestima dos pacientes […]”, explica Martha Valeria Medina Rivera, neuropsicóloga da NeuronUP.
O TDAH é causado por uma combinação de fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos que afetam o funcionamento do cérebro. O transtorno está ligado a alterações em áreas cerebrais responsáveis pela atenção, planejamento, tomada de decisões e controle da impulsividade, especialmente nos sistemas envolvendo os neurotransmissores dopamina e noradrenalina.
Sintomas do TDAH em adultos
O TDAH, em crianças e adolescentes, se manifesta com episódios de hiperatividade, impulsividade comportamental e dificuldades escolares; em adultos, se manifesta com inquietação interna, enquanto predominam os sintomas de desatenção, desorganização, impulsividade emocional e dificuldade em planejar e priorizar tarefas.
“Quando não tratado, o transtorno acaba afetando o desempenho escolar e o comportamento na infância, enquanto, na vida adulta, impacta o trabalho, os relacionamentos e está associado à baixa autoestima, ao estresse crônico e ao maior risco de transtornos do humor e dependências”, comenta Martha Valeria Medina Rivera.
Impactos emocionais do transtorno
Conviver com o TDAH sem diagnóstico pode abalar a autoestima e a saúde mental, pois o transtorno pode influenciar diversos aspectos da rotina, especialmente o trabalho, os estudos e as relações pessoais. “Desde cedo, pessoas com TDAH tendem a receber feedbacks negativos sobre suas dificuldades, o que contribui para uma autoimagem de ‘incapaz’, ‘distraída’ ou ‘irresponsável’”, explica a neuropsicóloga.
A autoestima depende da percepção de sucesso e reconhecimento, mas pessoas com TDAH frequentemente acumulam experiências de fracasso escolar, profissional ou relacional, acompanhadas de críticas — gerando insegurança e autocrítica.
“É crucial que o paciente procure ajuda profissional, pois, com a ausência de diagnóstico adequado, os riscos de depressão, ansiedade e abuso de substâncias, além de reforçar o sentimento de ineficácia, aumentam drasticamente”, alerta Martha Valeria Medina Rivera.
Busque avaliações de profissionais
Caso se identifique com os sinais do transtorno, como dificuldade constante de concentração, problemas recorrentes de organização e gestão de tempo, tendência à procrastinação, impulsividade emocional ou comportamental, inquietação interna ou dificuldade de relaxar, mudanças frequentes de humor e dificuldade para lidar com o estresse, o indicado é procurar um neuropsicólogo ou um psiquiatra especializado.
“O diagnóstico correto ajuda a entender o próprio funcionamento e a construir estratégias práticas para lidar com o transtorno — o que melhora o desempenho e reduz o estresse”, explica a especialista.
Tratamentos para o TDAH
O tratamento para o TDAH é realizado de forma multidisciplinar e combina acompanhamento médico, intervenções psicológicas e, quando necessário, o uso de medicamentos. Geralmente, o psiquiatra ou neurologista avalia o quadro individualmente para definir se há indicação de remédios que ajudam a melhorar o foco e reduzir a impulsividade.
Paralelamente, as abordagens que unem neurociência e tecnologia para a criação de exercícios cognitivos especializados, que estimulam as funções cerebrais de forma sistemática e adaptada, têm mostrado excelentes resultados em pacientes com TDAH.
“Com feedback imediato e atividades ajustáveis ao desempenho, plataformas de terapia neurocognitivas ajudam a estimular a autorregulação e o aprendizado ativo do paciente. Seu design favorece a motivação e a adesão ao tratamento, focado em tarefas do cotidiano — como planejar rotinas, manter o foco e controlar impulsos —, aspectos fundamentais no manejo do TDAH adulto”, indica a neuropsicóloga.
Importância do diagnóstico e do apoio especializado
O principal conselho para quem suspeita ter TDAH é não minimizar as dificuldades. Muitas pessoas passam anos tentando compensar os sintomas sozinhas, o que pode gerar exaustão emocional e abalar a autoestima.
“Buscar ajuda profissional é fundamental para compreender o funcionamento do próprio cérebro e adotar estratégias eficazes no dia a dia. O diagnóstico traz clareza e alívio, abrindo caminho para uma vida mais equilibrada e saudável”, finaliza Martha Valeria Medina Rivera.
Por Painel da Cidadania
Fonte Redação EdiCase
Foto: Srdjan Randjelovic | Shutterstock










