Um aumento expressivo no número de vasectomias realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi percebido no Distrito Federal. Esse ano, até setembro, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal contabilizou 910 cirurgias do tipo. Em 2022, foram registrados 1.313 procedimentos, enquanto 2023 fechou com 1.357. O Jornal de Brasília conversou com um urologista a respeito das estatísticas que refletem uma conscientização maior a respeito do método de planejamento familiar.
A vasectomia é uma cirurgia reconhecida pela segurança e eficácia, que apresenta uma rápida recuperação e baixa taxa de complicações. O método teve alterações significativas na legislação. Quem vai fazer uma vasectomia não precisa mais indicar o consentimento do cônjuge. Além disso, foi reduzida a idade mínima de 25 para 21 anos. O que facilitou ainda mais o acesso ao procedimento. O termo de consentimento assinado com 60 dias de antecedência, no entanto, permanece obrigatório.
Daniel Nogoceke, 44 anos, é servidor público e realizou o procedimento cirúrgico. Para ele, a decisão foi feita com esse mesmo objetivo de não ter mais filhos. “O procedimento foi ótimo, rápido e eficaz. Não senti dor e voltei a ativa normalmente”, contou.
O servidor público Thiago Pacheco Antunes, 41 anos, fez a vasectomia porque já tinha duas filhas e a esposa dele também tinha mais dois filhos. “Tenho grande histórico de gêmeos na minha família. Além disso, a última gravidez da minha esposa foi de alto risco”. Para Thiago, a junção dessas coisas com o fato de que o casal não queria mais ter filhos, fez com que ele escolhesse fazer a cirurgia.
Thiago acredita que as pessoas, de modo geral, estão se preocupando mais com o planejamento familiar, porque conseguir criar um filho também envolve que os pais proporcionem saúde, educação, lazer e toda uma base estrutural. “O que está cada vez mais difícil e acredito que isso tem um grande peso na hora de optar por ter mais um filho”.
Responsabilidade masculina
O urologista Vitor Sifuentes, apontou que o aumento nas cirurgias realizadas no DF pelo SUS é um indicativo de que mais homens estão se informando e optando por assumir a responsabilidade contraceptiva. “Muitos homens estão assumindo um papel mais ativo no planejamento familiar, compartilhando a responsabilidade com suas parceiras. Além disso, a maior divulgação de informações sobre o procedimento, sua segurança e eficácia, têm contribuído para desmistificar o tema e aumentar a confiança na vasectomia como método contraceptivo permanente”, acrescentou.
Como apontou o especialista, a procura pelo procedimento reflete mudanças culturais importantes. “Hoje, os homens estão mais abertos a discutir e adotar métodos definitivos de contracepção. Isso não apenas facilita o planejamento familiar, mas também reduz o impacto de gravidezes indesejadas, contribuindo para uma melhor qualidade de vida para as famílias atendidas pelo SUS”, analisa Sifuentes.
De acordo com o médico, a procura pela vasectomia costuma ser mais frequente entre homens na faixa etária de 30 a 45 anos, geralmente já em relacionamentos estáveis e com o número de filhos desejado. “Contudo, também há um aumento na busca por homens mais jovens, impulsionado pelo desejo de controle sobre a reprodução e a decisão consciente de não ter filhos, muitas vezes alinhada com mudanças de estilo de vida e planejamento pessoal”, frisa. Mas o doutor aponta que cada caso deve ser avaliado individualmente para garantir que o paciente esteja seguro e bem informado sobre sua escolha.
Segundo o médico, a cirurgia também está disponível na rede privada. “O paciente pode contar com maior flexibilidade em relação a prazos e agendamentos, o que é uma alternativa para quem busca rapidez no procedimento”, conclui o urologista.
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Por Jornal de Brasília
Foto: Divulgação/SES-DF / Reprodução Jornal de Brasília
