Dia de futebol é sagrado para o estudante Victor Uriel Maciel, 12 anos. Ele é um dos 150 alunos do projeto Formando Cidadãos, desenvolvido há mais de uma década pelo 11º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), em Samambaia. Em campo, o menino constrói o sonho de ser jogador e, ainda, aprende sobre respeito, disciplina, resiliência e trabalho em equipe.
“É um projeto que ajuda as pessoas que não têm condições de pagar uma escolinha. Aqui a gente aprende de tudo, tanto o básico, tipo tocar a bola, como não ser um jogador desrespeitoso dentro do jogo e a escutar o professor na hora em que ele está dando as orientações”, conta Victor. “O futebol é uma alegria para mim. Ganhei meu primeiro troféu em 2021, fiquei muito feliz e minha mãe também.”
A iniciativa beneficia crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, incluindo pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social. A ação é pautada na filosofia de polícia comunitária, modelo de policiamento que visa a parceria entre a polícia e a comunidade a fim de prevenir a criminalidade, promover segurança pública e melhorar a qualidade de vida da população.
“O Formando Cidadão começou na Quadra 209 como uma das formas de a Polícia Militar assumir aquela localidade. Pegamos alguns meninos que faziam parte do tráfico de drogas na época e inserimos no esporte”, explica o subtenente Roberto Andrade, que coordena o projeto. “Já passaram mais de 8 mil garotos aqui e alguns estão em times profissionais, outros estão trabalhando, muitos são pais de família. A nossa principal meta é formar o cidadão e nisso temos tido êxito. Perdemos poucos para a criminalidade.”
As aulas são de futebol de salão e de campo, com duração média de 1h, e ocorrem no contraturno escolar. Os professores acompanham a frequência e o desempenho escolar dos alunos, a fim de garantir que a dedicação em sala de aula. Não há vagas abertas atualmente, mas os pais e responsáveis interessados podem entrar em contato com o 11º BPM pelo Instagram para entrarem na lista de espera.
Cidadania
Em campo, as turminhas aprendem sobre passes e dribles, enquanto desenvolvem habilidades para o futuro. “Vou me lembrar de quando o professor falou sobre respeito dentro de campo, falou para não resmungar, não xingar e não desrespeitar os pais”, conta o estudante Miguel Ferreira, 10, que participa da iniciativa desde 2022. “É uma escolinha muito boa e tem muitos atletas bons. Eu sou um deles. Gosto muito de jogar futebol e me inspiro em um jogador, o Neymar. É meu esporte favorito desde de pequeno.”
Uma das poucas meninas no projeto, a estudante Nairim Elizabeth Souza, 12, conta que gosta de estar junto aos colegas praticando atividade física e se divertindo. “É muito legal. Na Páscoa ganhamos uma caixa de bombom e às vezes tem passeios para outros lugares”, afirma ela, que tem melhorado as técnicas. “Quando cheguei era um pouco ruim, mas estou melhor. Aprendi que não posso ser fominha com a bola, tem que tocar e trabalhar em equipe. É como se você fosse policial, que para atender uma ocorrência tem que ir com o grupo.”
Para os pais e responsáveis, o projeto é digno de muitos elogios. “É maravilhoso. As crianças não ficam na rua, eles ensinam muito bem. A melhor coisa que eu fiz foi ter colocado meu filho aqui”, conta a empreendedora Jullie Cruz de Souza, 43. “Pesquisei outros lugares e, além de você ter que pagar, as referências não eram boas. Desde que meu filho começou aqui, o comportamento dele mudou demais. Ele conversa mais, ajuda em casa, está ótimo”.
Por Painel da Cidadania
Fonte Agência Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília