Primavera chega ao DF com flores, calor extremo e promessa de temporais

Estação de transição marca o fim da seca e anuncia a chegada das chuvas, enquanto Brasília se colore com jacarandás, ipês e flamboyants.

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No calendário, a primavera tem início nesta segunda-feira, 22 de setembro, às 15h19, e se estende até 21 de dezembro, às 12h03. Na prática, porém, a estação tão aguardada pelos brasilienses chega com humor instável, ora colore a cidade com as copas floridas dos ipês, ora ameaça com temporais súbitos, rajadas de vento e até granizo. É a estação da transição, como explica o meteorologista Olívio Bahia, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um intervalo entre o inverno seco e o verão chuvoso que começa em dezembro.

“Nas primeiras semanas, o céu ainda pode se apresentar limpo, quase sem nuvens, com aquele sol que incide direto sobre a superfície e faz o ar ferver”, explica Bahia. Esse é o mesmo cenário que, historicamente, registra as temperaturas mais altas do ano no Distrito Federal, especialmente em outubro. Mas basta uma mudança no padrão de circulação da atmosfera para que o calor se combine à umidade e dê origem a tempestades repentinas, muitas vezes localizadas, mas intensas.

A partir desta semana até a segunda quinzena de outubro, as chuvas serão passageiras, irregulares e, não raro, acompanhadas de descargas elétricas, ventania e gelo em forma de granizo. “É preciso atenção, ao menor sinal de chuva, evitar abrigo em árvores ou estruturas metálicas. O risco é real”, alerta o meteorologista.

A atmosfera, contudo, reserva alívios graduais. A umidade relativa do ar, tão castigada durante a estiagem, começa a se recompor aos poucos. O corpo agradece, mas os cuidados continuam, muita hidratação, protetor solar, nada de exercícios ao sol entre 10h e 16h. O risco de incêndios também persiste. A vegetação ainda está seca, o solo pede água, e qualquer descuido pode acender uma chama de grandes proporções.

O florescer das árvores

Enquanto o céu oscila entre extremos, o chão do Distrito Federal ensaia um espetáculo próprio. As árvores florescem em ondas sucessivas, como se seguissem um roteiro silencioso. Setembro é o mês do jacarandá-da-bahia, que pode chegar a 30 metros e tingir a paisagem com pequenas flores roxas, e também do pau-brasil, com seus amarelos e laranjas ardentes. O pequizeiro, modesto nos 10 metros, lembra que não é só a visão que se encanta, mas também o paladar – seus frutos logo estarão nas panelas do cerrado. A pitangueira, a quaresmeira-roxa e o tarumã se revezam na paleta, ao lado da tipuana e do vinhático.

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) acompanha esse ciclo como quem cultiva um jardim de milhões de habitantes. Segundo a Novacap, o plantio de árvores segue um planejamento anual, que só para na seca. Desde outubro passado, cem mil mudas foram levadas ao solo candango. Técnicos percorrem todas as regiões administrativas, levantam ruas, áreas verdes, pátios de escolas, e decidem onde cada árvore terá sua chance. O início das chuvas, em outubro, é o sinal verde, é quando as raízes podem se firmar, irrigadas naturalmente até abril.

Brasília tem hoje 5,5 milhões de árvores. Mais do que decoração, elas purificam o ar, dão sombra, abrigam pássaros, diminuem ventos e ruídos. “Arborizar não é só estética, é também preservar o ambiente e a saúde da cidade”, diz a Novacap. As escolhas para o plantio, contudo, não são aleatórias em áreas de tráfego intenso, por exemplo, prefere-se o plantio de palmeiras, como guariroba e jerivá, que não formam cortinas visuais e mantêm a segurança viária.

Os flamboyants vão incendiar o Eixão com suas flores vermelhas e alaranjadas. São apenas 8 mil indivíduos dessa espécie no Plano Piloto, mas cada um impõe presença. Podem ser vistos diante do Tribunal de Justiça, na Praça do Buriti, no Lago Sul, e ainda em Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Gama e Taguatinga.

Até dezembro, estarão no auge. O espetáculo, porém, não é blindado contra o descuido humano. O furto de plantas e flores em canteiros ainda é um problema recorrente, considerado crime ambiental passível de multa e até detenção. A Novacap pede que moradores denunciem casos de vandalismo e busquem orientação no site da companhia ou junto ao Corpo de Bombeiros (193) quando identificarem árvores em risco de queda.

Por Painel da Cidadania

Fonte Jornal de Brasília

Foto: paulo h. carvalho agência brasília

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