Botulismo exige atenção redobrada com alimentos vendidos em feiras e mercados

Doença rara, mas grave pode estar associada a alimentos mal conservados e representa um risco ainda maior para crianças pequenas; DF registrou um caso no mês passado

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Produtos como conservas artesanais, pastas caseiras e temperos vendidos em feiras ou mercados populares exigem cuidado. Quando mal preparados ou armazenados de forma inadequada, esses alimentos podem se tornar um ambiente propício para a bactéria Clostridium botulinum, que produz uma toxina capaz de provocar paralisia muscular e causa o botulismo.

No último mês, foi confirmado um caso da doença no Distrito Federal após consumo de conserva de pimenta. A ocorrência foi notificada e as unidades de saúde do DF foram alertadas para observar o possível surgimento de outros casos. O paciente já recebeu alta hospitalar e segue em recuperação domiciliar, com acompanhamento especializado.

A médica gastrohepatologista Daniela Carvalho explica como a enfermidade afeta o organismo: “A toxina bloqueia a comunicação entre os nervos e os músculos, o que pode causar sintomas como visão dupla, pálpebras caídas e até dificuldade para respirar. O quadro é grave, mas tratável — desde que o diagnóstico seja rápido”.

Em bebês, os sinais podem ser mais sutis: intestino preso, fraqueza muscular, dificuldade para sugar e um choro mais fraco que o habitual. Por isso, é fundamental que pais e responsáveis fiquem atentos a qualquer mudança no comportamento da criança, especialmente nos primeiros meses de vida.

O consumo de mel por crianças menores de um ano, por exemplo, deve ser evitado. Apesar de natural, o mel pode conter esporos da bactéria e o sistema digestivo dos bebês ainda não é capaz de combatê-los.

Produtos artesanais

Quem costuma comprar alimentos prontos ou artesanais em feiras e mercados deve observar o aspecto das embalagens. Tampas enferrujadas, estufadas ou com vazamentos são sinais de alerta. O cheiro e a aparência são importantes e qualquer alteração ou presença de bolhas indica que o produto não está seguro.

Outro ponto a se observar é a refrigeração dos alimentos. Conservas e pastas precisam ficar na geladeira e têm um período de consumo adequado após aberto. Produtos que permanecem por longos períodos sem refrigeração oferecem risco.

Preparações caseiras

No preparo de papinhas, molhos ou conservas em casa, é importante adotar práticas seguras, como lavar bem os alimentos, usando escova e água corrente; esterilizar os frascos e tampas, fervendo por pelo menos 15 minutos; armazenar em potes limpos, com tampa nova e bem vedada e refrigerar.

“Nunca deixe alimentos prontos em temperatura ambiente por mais de duas horas”, alerta Daniela Carvalho. É importante lembrar que não se deve reutilizar tampas de conservas, pois compromete a vedação e pode facilitar a entrada de micro-organismos.

Ao menor sinal de sintomas compatíveis com botulismo, procure atendimento médico imediatamente. “A pessoa permanece consciente, mesmo com o corpo paralisando, o que é característico da doença”, destaca a médica.

Fiscalização

A Vigilância Epidemiológica do DF atua de forma imediata em casos suspeitos ou confirmados de botulismo, por se tratar de uma doença grave e de notificação compulsória, explica a diretora da Vigilância Epidemiológica do Distrito Federal, Juliane Malta.

“Assim que um caso é identificado, são realizadas ações para confirmar o diagnóstico, investigar a provável fonte de contaminação e adotar medidas de controle para evitar novos casos. Isso inclui coleta de informações clínicas, investigação epidemiológica detalhada, envio de amostras para análise laboratorial e orientação às equipes de saúde e à população sobre os cuidados necessários”, explica.

Também há articulação com a Vigilância Sanitária e outros setores para identificar e retirar produtos contaminados ou inseguros, quando for o caso. O objetivo é detectar precocemente, tratar adequadamente e prevenir a ocorrência de surtos.

Por Painel da Cidadania

Fonte Agência Brasília

Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

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