É no quintal de sua casa, no Setor de Chácaras P Norte, em Ceilândia, que Fábio Lima, 42 anos, garante o sustento de sua esposa e filha. Assim como milhares de agricultores familiares, ele também foi afetado economicamente pela pandemia do novo coronavírus. Antes da disseminação da covid-19, o produtor entregava sua mercadoria em cinco estabelecimentos. Atualmente, vende seus produtos apenas para um, pois os outros não conseguiram sobreviver à crise.
Fábio é um dos 4,2 mil agricultores familiares que recebem ajuda do Governo do Distrito Federal (GDF) para driblar este momento difícil que assola o mundo. Ele participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que promove a alimentação saudável e incentiva a agricultura familiar. “É o que nos garante ter mais comida na mesa”, conta. “No começo da pandemia foi bem difícil, mas agora estamos conseguindo superar essa situação”.
O governo investiu fortemente em benefícios como o PAA e o Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa). Ao todo, foram R$ 4 milhões em compras de frutas, verduras e legumes, diretamente de pequenos produtores atendidos por esses dois projetos. De um lado, eles conseguiam vender seus alimentos; do outro, as pessoas de baixa renda se alimentavam com as cestas verdes distribuídas pelo GDF.
Este ano, as previsões sinalizam R$ 1,5 milhão para o PAA, R$ 2 milhões para o Papa e R$ 23 milhões para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que no ano passado chegou ao montante de R$ 20,2 milhões.
Atendimento mantido
“A gente sabe da dificuldade histórica que é para o pequeno produtor lidar com essas tecnologias, então foi um grande avanço de inclusão”Denise Fonseca, presidente da Emater
Mesmo no auge da pandemia, os agricultores familiares continuaram recebendo visitas de instrução de cultivo e comercialização de representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater). Esse foi o caso de Ney Fábio Borges, 44 anos – um dos 5,6 mil produtores atendidos em 2020 – que produz ovos caipiras no Núcleo Rural Monjolinho, em Ceilândia. “Esses atendimentos são muito importantes”, destaca ele. “Como produtor de pequeno porte, não tenho condições de pagar por essa assistência e veterinários. É um suporte fundamental”.
A Emater também promoveu o curso on-line de Boas Práticas de Fabricação na Agroindústria, que era presencial. Foram mais de 350 participantes. “A gente sabe da dificuldade histórica que é para o pequeno produtor lidar com essas tecnologias, então foi um grande avanço de inclusão”, explica a presidente da Emater, Denise Fonseca. “O curso é essencial para aqueles que trabalham com alimentos, que buscam o registro de formalização de agroindústria ou que precisam fazer reciclagem”.
Ações
40 milpessoas já foram atendidas pelo programa Cesta Verde
O secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Candido Teles, lembra que a venda dos produtos vindos da agricultura familiar foi prejudicada devido ao fechamento de pequenos mercados e comércio, mas o governo agiu rapidamente para solucionar essa situação.
“De imediato e por determinação do governador Ibaneis Rocha, lançamos a Cesta Verde”, ressalta. “O programa compra as mercadorias dos agricultores e as distribui para famílias em situação de vulnerabilidade social. Já conseguimos atender 40 mil pessoas.”
A Emater criou o site Põe na Cesta, no qual os consumidores compram diretamente dos produtores cadastrados. “Além de diminuir os impactos da pandemia, o site também ajuda os agricultores a acompanhar a nova tendência de comercialização – que vem ganhando cada vez mais espaço on-line”, avalia Denise Fonseca.
Na área da floricultura, foram feitas campanhas para incentivar o delivery de flores, ajudando na comercialização desses produtos e reduzindo a sensação de isolamento. No âmbito do crédito rural, pelo menos 200 projetos de financiamento rural foram aprovados, totalizando R$ 7,2 milhões liberados para custeio e investimentos.
Já pelo Fundo Distrital de Desenvolvimento Rural (FDR) – linha de crédito da Secretaria de Agricultura (Seagri) –, cerca de 1,5 milhão foram destinados a projetos do setor agropecuário no ano passado. E, para que os produtores continuassem a investir, a Emater fez um acordo com o Banco de Brasília (BRB). Foram 30 projetos aprovados, num total de R$ 1,3 milhão.
“Esses produtores têm sua renda básica vinda diretamente da agricultura”, pontua a presidente da Emater. “Eles colocam a mão na terra, produzem alimentos para a cidade e geram emprego e renda, o que impulsiona a economia do país. Investir em qualquer tipo de cultivo demanda investimento, coisa que o pequeno produtor, sem a ajuda do governo, não tem. Ao investir na agricultura familiar, investimos na alimentação da população.”
Confira, abaixo, os investimentos do GDF na área da agricultura familiar em 2020.
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): R$ 2 milhões
Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa): R$ 2 milhões
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae): R$ 20,2 milhões
Crédito rural: R$ 7,2 milhões
Fundo Distrital de Desenvolvimento Rural (FDR): R$ 1,5 milhão
Linha de crédito do Banco de Brasília (BRB): R$ 1,3 milhão.
Por Agência Brasília com informações de Sueli Moitinho
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília