Locais famosos do DF levam os nomes de pessoas que fizeram história

O Correio percorreu alguns dos pontos mais famosos da cidade a fim de saber se os frequentadores conhecem, de fato, quem são aqueles que dão nome aos locais

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Parques, palácios, monumentos e até o zoológico de Brasília receberam o nome de pessoas que fizeram parte da história da cidade ou da República. São personalidades que, por diferentes motivos, deixaram suas marcas seja por feitos que beneficiaram a sociedade, atos heróicos ou fatos trágicos que chocaram o Distrito Federal. O Correio passou por alguns desses pontos emblemáticos de Brasília e buscou saber o que os frequentadores conheciam sobre as pessoas que nomeiam esses lugares.

Frequentado majoritariamente por crianças, o Parque Ana Lídia tem o famoso foguetinho, onde meninos e meninas aproveitam para brincar sob os olhares vigilantes de pais e cuidadores. O que pouca gente sabe é que o nome do parque é uma homenagem a outra criança, cuja história consternou a sociedade brasiliense em 1972. Em 12 setembro daquele ano, o corpo de Ana Lídia Braga, de apenas 7 anos, foi encontrado nas proximidades do câmpus da Universidade de Brasília (UnB), com marcas de violências, inclusive sexual.

Pessoas de outras faixas etárias também aproveitam o espaço para sentar em um dos banquinhos e ter um momento de tranquilidade em meio à arborização do parque. A estudante de licenciatura em dança Hanna Pedrico, 24, estava acompanhada das amigas em um dos pontos do parque. Ela não soube dizer  quem foi a garota que deu nome ao parque. Ao ouvir a história da menina assassinada há 50 anos, a goiana ficou primeiramente chocada e depois comovida com a homenagem prestada pelos brasilienses à menina. “Pelo fato de tanta gente ter se comovido com a situação, criou-se uma forma de confortar a família e mostrar que ainda existe empatia no mundo”, comentou Hanna, que mora em Brasília há 10 anos.

História

O monumento semiesférico ao lado da Biblioteca Nacional é o Museu Nacional Honestino Guimarães, nome que remete ao período mais sombrio da história recente do Brasil. Honestino foi aluno de geologia da UnB durante os anos 1960. O estudante foi presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub) e, mais tarde, da União Nacional dos Estudantes (UNE), tornando-se alvo recorrente do aparelho repressor da ditadura militar instalado no poder. Uma das seis prisões de Honestino ocorreu quando o estudante articulou a expulsão de um falso professor da universidade. Na última, quando estava à frente da UNE, foi dado como desaparecido. O reconhecimento de sua morte veio mais de duas décadas depois, quando a família recebeu um atestado de óbito do jovem.

O Museu Nacional Honestino Guimarães forma com os demais monumentos da região central de Brasília o Complexo da República e é um dos principais destinos turísticos da capital. Um desses visitantes é Maike Santos, 28, de Rio Preto, interior de São Paulo. Ele nunca havia ouvido falar do jovem estudante assassinado pelo Estado. Sobre a homenagem a Honestino, Maike foi categórico: “É o mínimo, apesar de que nada vá reparar o que o Estado fez”. 

“Morreu, ontem, no Hospital das Forças Armadas, o sargento do Exército Sílvio Delmar Hollenbach, que o sentimento da população de Brasília logo identificou como mártir de seu heroísmo”, assim iniciou a notícia do Correio Braziliense publicada em 31 de agosto de 1977. A matéria se referia ao homem que concede o nome ao Jardim Zoológico de Brasília. Em um ato heroico, o sargento se atirou no poço das ariranhas para salvar o pequeno Adilson Florêncio da Costa, que escapou com vida. Já Sílvio, que teve o corpo mutilado pelos animais, não resistiu aos ferimentos. 

Acompanhado pela esposa e pela neta, a pequena Helena, em passeio pelo local, Ilton da Silva Oliveira, 50, servidor da Secretaria de Educação do DF, achou muito válida a homenagem. “Foi uma pessoa que se esforçou para salvar uma pessoa que ele não conhecia, independentemente da profissão que ele exercia à época, e, infelizmente, veio a óbito. É uma homenagem muito merecida”, afirmou o servidor.

Palácio Nereu Ramos 

É sabido que o Congresso Nacional — um dos edifícios mais simbólicos do país — é a casa do povo brasileiro. O que poucos sabem é que ele leva o nome de um político que faleceu antes mesmo da nova capital ser fundada. O catarinense Nereu Ramos teve uma vasta experiência na política nacional. Começou como deputado estadual na terra natal, onde também foi governador. Foi deputado federal, senador e participou da elaboração de duas constituições: as de 1934 e 1946. Chegou a tomar posse como presidente da República entre 1955 e 1956. Em 1958, morreu em um acidente aéreo.

Por Naum Giló do Correio Braziliense com informações de Sueli Moitinho

Foto: Reprodução Revista Azul

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