Criação artística exuberante por si só, Brasília abriga, no interior de suas formas arquitetônicas esculpidas em concreto, largos acervos de obras de arte assinadas por autores de renome. São inúmeras peças que, protegidas e preservadas, podem ser visitadas em espaços como o Congresso Nacional, Museu e Palácio do Itamaraty. Assinadas por nomes como Anna Niemeyer, Athos Bulcão, Cândido Portinari e autores contemporâneos, as obras de arte perpassam os olhos de gerações e ilustram trechos da história da capital do Brasil.
Congresso Nacional
Sede das duas casas do Poder Legislativo, o Congresso Nacional é recheado de obras que embelezam o espaço e aproximam as gerações atuais das que antecederam. Aos interessados, o local conta com sessões de visitação que permitem aproveitar cada canto histórico e artístico do lugar. A reportagem do Correio conheceu o acervo de esculturas, telas e pinturas.
Logo no Salão Branco, os brasilienses e turistas podem conferir o Alumbramento, uma imensa obra da artista Marianne Peretti. Ela foi a única mulher a integrar a equipe de Oscar Niemeyer durante a construção de Brasília. Ao longo do tour, é inevitável se surpreender com a quantidade de peças expostas. Ventania, de Athos Bulcão; Araguaia, também de Peretti, e A bailarina, de Victor Brecheret, são algumas das obras que se destacam no edifício.
Carla Neves, supervisora de visitação, reforçava, enquanto apontava para poltronas próximas ao local que, desenhadas em linhas curvas, denunciavam a autoria do desenho como de Oscar Niemayer, que “no Palácio, tudo é arte”. O Túnel do Tempo, também do arquiteto, que liga o edifício principal ao Anexo 2, é, segundo ela, um dos pontos altos da visitação. Além de prestigiar as obras, quem faz a visita guiada desfruta de uma verdadeira aula de história, dado o contexto de cada peça é apontado pelos guias aos visitantes.
Ana Cláudia Leite, que integra o Serviço de Gestão do Acervo Museológico do Senado, destacou que, além da visita por todo o palácio, há o Museu do Senado, que abriga outras relevantes peças. “Diferentemente da visita, não é necessário agendar para conhecer apenas o museu. Às vezes, as pessoas entram no site e não tem mais vaga para a visita guiada, mas é possível vir para conhecer só o museu”, ressaltou.
Museu Nacional
No “Museu-bola”, as obras expostas seguem a linha da arte contemporânea. Fran Favero, diretora do Museu Nacional da República, explicou que peças viajam, muitas vezes, o Brasil inteiro, destacando que no local é possível apreciar trabalhos de autoria de artistas de diversas nacionalidades.
Atualmente, a Galeria 1 do museu expõe uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo — Coreografias do impossível. “É um grande privilégio, para o público de Brasília, receber essas obras, porque é um total de 13 artistas de vários lugares do mundo e de diferentes épocas também. Há nomes da Guatemala, da Bolívia, do Brasil e há obras extremamente relevantes, como a do Denilson Baniwa, que é um artista indígena representante da arte indígena contemporânea”, sinalizou.
Segundo a diretora, o museu conta com um acervo de 1,5 mil peças. Eventualmente, saem do arquivo e voltam a ser expostas em mostras atuais. Além de visitar o espaço físico, o público vai poder acessar as obras e o acervo de forma on-line. “Estamos digitalizando as peças para expor em uma plataforma on-line que se chama Tainacan (tainacan.org), que é usada por várias instituições museológicas”, disse. Ela lembrou que o acervo conta com obras de nomes renomados como o da gravurista Fayga Ostrower.
Palácio do Itamaraty
Dentro de uma das construções que mais se destaca na arquitetura brasileira encontra-se um grande agregado de arte. Pinturas e esculturas de nomes como Athos Bulcão, Cândido Portinari, Debret e Pedro Américo compõem o cenário interior da edificação. O acervo conta com cerca de 3,5 mil obras que podem ser apreciadas de perto por brasilienses e turistas.
Após terem permanecido fechadas por sete meses, as portas para visitação no Palácio Itamaraty foram reabertas há pouco, em março deste ano. Os roteiros são conduzidos por profissionais do serviço de visitação cívico-educativa do Itamaraty em português, espanhol, francês, inglês e Libras.
Elisa Breternitz, coordenadora-geral de Patrimônio Histórico do Ministério das Relações Exteriores, informou que, nesta semana, para comemorar o Dia do Patrimônio Cultural e divulgar o patrimônio histórico e artístico sob sua guarda, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) organiza, na capital, uma programação, gratuita que inclui visitas mediadas ao Palácio Itamaraty e ao Instituto Rio Branco, além de rodas de conversa sobre importantes obras do acervo.
Centro Cultural TCU
O Centro Cultural do Tribunal de Contas da União (TCU) deve ser levado em conta na hora de escolher roteiros para apreciar obras de arte. Sazonalmente, o espaço recebe exposições abertas ao público. No momento, a Galeria Marcantonio Vilaça apresenta a exposição Terra Concreto, que reúne as obras inéditas de Adriana Vignoli, César Becker e Matias Mesquita, três artistas visuais que moram e produzem em Brasília e que têm na escultura uma de suas principais linguagens de trabalho.
Amália Meneghetti, da museologia do TCU, explicou que as exposições são escolhidas por um conselho curatorial vinculado à galeria e permanecem no espaço por cerca de quatro meses. “O foco principal da instituição, quando criada, era fomentar o circuito de arte local e do Entorno, mas nós recebemos artistas de outros lugares do Brasil, como, por exemplo, Di Cavalcanti e Tomie Ohtake, tivemos algumas exposições bem significativas, mas elas ficam um tempo e depois partem, entra uma e sai outra”, apontou.
Por Letícia Guedes do Correio Braziliense
Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press / Reprodução Correio Braziliense