O número de afastamentos de servidores da Câmara Legislativa para o tratamento de enfermidades ocasionadas por problemas de saúde mental tem mobilizado o setor médico da Casa, em especial o Núcleo de Saúde Ocupacional (NSOC), que vem desenvolvendo ações para reduzir os impactos do absenteísmo. Durante todo o ano passado, 81 funcionários da Casa se ausentaram por motivos médicos e, em 2024, até setembro, foram 63 os que precisaram deixar temporariamente suas funções para tratamento.
O NSOC trabalha com três objetivos principais para o tratamento da saúde mental dos servidores: a prevenção, o diagnóstico precoce e a intervenção assertiva. Todo o trabalho tem, ainda, o apoio do Setor de Saúde e Qualidade de Vida (SASQ), por meio de seus assistentes sociais.
Segundo a assessoria da Câmara Legislativa, é disponibilizado para os chefes de unidades treinamento para a criação de ambientes de trabalho inclusivo e harmonioso, respeitando as características individuais dos colaboradores, além de estrutura física para o bom desenvolvimento de suas tarefas. Ainda há o CLDF Saúde, que é o plano de saúde que apoia os servidores, com profissionais credenciados, inclusive, na área de tratamento psicológico e psiquiátrico.
Outro ponto de destaque é o trabalho para o diagnóstico precoce, considerada pelo setor de saúde uma das metas das ações. As ações são permanentes, de acordo com o Setor de Saúde, e são desenvolvidos pelos assistentes sociais da Casa. Para tanto, são realizados exames periódicos no mês de aniversário dos servidores, com a função de identificar transtornos mentais em sua fase inicial.
Para essa função, o Núcleo de Saúde Ocupacional conta com três psicólogos do quadro permanente, que se revezam durante o horário regular da Câmara Legislativa. Os atendimentos são realizados com horário marcado ou em casos de urgência clínica. “Recentemente a CLDF realizou um grande inventário entre os seus colaboradores para identificar pessoas em situação de risco de adoecimento, com enfoque especial para as patologias psíquicas”, afirma o Setor de Saúde da CLDF.
Por fim, a Junta Médica Oficial da Casa, formada por médicos do quadro da Câmara Legislativa realiza, ainda, a intervenção assertiva, que consiste em realizar o diagnóstico dos pacientes com problemas de saúde mental. Ele é realizado pelo grupo responsável por conceder as licenças e realizar os encaminhamentos para outros profissionais. “Os psicólogos clínicos da Casa são acionados e iniciam o atendimento psicoterápico, encaminhando, posteriormente, os servidores para profissionais em saúde mental da rede credenciada.”
Além do diagnóstico assertivo, dado pela Junta, o SASQ avalia os aspectos sociais do servidor, que podem levar ao adoecimento do mesmo. Caso necessário, na avaliação dos assistentes sociais, é feita a mediação de conflito.
“Ao término das licenças médicas, os servidores retornam ao trabalho. Sempre que necessário, os médicos do trabalho recomendam a aplicação de restrições médicas, com o objetivo de permitir ao servidor o exercício de suas atividades com o máximo de conforto e segurança. Os casos que demandam mais atenção são acompanhados pelos psicólogos clínicos do Núcleo de Saúde Ocupacional (NSOC) e pelos assistentes sociais do Setor de Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho (SASQ)”, detalha o setor de saúde da CLDF.
Preocupação
A partir de agosto de 2022 os dados sobre a saúde mental dos servidores da Câmara Legislativa passaram a ser tabulados, com a implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Segundo dados do Setor de Saúde da Casa, entre agosto e dezembro daquele ano, 28 servidores se afastaram do serviço por problemas envolvendo a saúde mental. Em todo o ano de 2023, o número saltou para 81 servidores afastados, enquanto em 2024, até setembro, são 63 abstentos.
Em 2022, no período mencionado, as ausências para tratamento relacionado à saúde mental foram de 508 dias, uma média de 13,7 dias por servidor. Em 2023 foram 1.501 dias de absenteísmo, com média de 12 dias para cada servidor. Neste ano, a média de dias por funcionário da CLDF subiu para 14,8 dias, totalizando 1.277 dias totais.
A assessoria da Câmara Legislativa informou que apenas um servidor não retornou ao trabalho, após o termino da licença médica.
Por Suzano Almeida do Jornal de Brasília
Foto: Silvio Abdon/Agência CLDF / Reprodução Jornal de Brasília