Os brasilienses estão há mais de cinco meses enfrentando altas temperaturas e baixa umidade. As estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não registram chuvas desde 23 de abril, totalizando 163 dias de seca. Esse fenômeno iguala a estiagem de 2024 à de 1963, que até então era a maior da história do Distrito Federal.
Mesmo com a seca assustadora, no último sábado (28), algumas regiões do DF foram surpreendidas por chuvas. Enquanto no Paranoá o sol brilhou o dia inteiro, no Sol Nascente, ruas foram alagadas pela chuva inesperada. Outras áreas como Estrutural, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires também receberam precipitações. Motoristas que passavam pela BR-070 no fim do dia registraram a tão aguardada chuva.
Quando os brasilienses terão chuva novamente?
Segundo o Inmet, a probabilidade de novas chuvas nos próximos dias é baixa. No entanto, há expectativa de pancadas isoladas na segunda-feira (7) e terça-feira (8), como ocorreu no último sábado. As chances aumentam após o dia 10 de outubro, trazendo esperança de alívio para o calor extremo e a seca prolongada.
Resultado da seca
A seca deste ano trouxe temperaturas recordes e umidade crítica. Na sexta-feira (27), um dia antes da chuva, os termômetros em Brasília chegaram a 36,5°C, marcando o dia mais quente de 2024. Em 3 de setembro, a umidade relativa do ar caiu para 7%, o menor índice do ano.
Esse cenário afeta diretamente a saúde da população e também o meio ambiente. Incêndios florestais têm devastado áreas do Cerrado, colocando em risco a fauna e flora locais. Diversas ocorrências de fogo foram registradas, agravando ainda mais a situação já crítica.
Os impactos da seca na saúde respiratória
A seca e o calor intenso não apenas afetam a qualidade de vida, mas também prejudicam a saúde respiratória. Segundo a otorrinolaringologista Marcela Suman, as mucosas do corpo humano, compostas em grande parte por água, não conseguem funcionar adequadamente em um ambiente tão seco.
“Em tempos de seca, as células ciliadas do sistema respiratório não conseguem realizar a higiene adequada. Os microcílios, que deveriam bater cerca de 700 vezes por minuto, ficam paralisados, acumulando sujeira na cavidade nasal. Isso agrava quadros de rinite, asma, bronquite e doenças respiratórias crônicas”, explica a médica.
Para minimizar os efeitos da seca, a principal recomendação é manter o corpo bem hidratado. “A Organização Mundial da Saúde recomenda a ingestão de 60 ml de água por quilo de peso, podendo ser mais, desde que o coração e os rins estejam saudáveis. Além disso, é fundamental hidratar as vias respiratórias com soro fisiológico e utilizar colírio de lágrima artificial nos olhos”, orienta Marcela Suman.
Outras recomendações para enfrentar o clima seco incluem:
• Evitar atividades físicas entre 10h e 14h, período mais quente e seco do dia;
• Evitar levar as mãos ao nariz e à boca para não transferir poeira acumulada, que pode lesionar as mucosas;
• Manter a casa limpa com pano úmido, evitando levantar poeira com o uso de vassouras;
• Umidificar os ambientes com toalhas molhadas, bacias de água ou umidificadores.
Por Jornal de Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília / Reprodução Jornal de Brasília