A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) tem procurado se reinventar a fim de atrair frequentadores, sobretudo os mais jovens. Para isso, entre outras coisas, abriu um espaço geek — ambiente para os interessados em tecnologia, videogames, RPG, animes, entre outros produtos da cultura pop — e disponibilizou auditórios para aulões gratuitos voltados ao Enem e PAS, programas de acesso às universidades públicas, por exemplo. A estratégia deu certo. Em 2002, o total de usuários foi de 72.157 pessoas. Com as ações implementadas, esse público cresceu para 102.034. E de janeiro até meados de setembro está em 127.557, com tendência de crescimento até o fim do ano, segundo a administração da BNB. O Correio conversou com usuários para saber o que pensam da instituição e seu papel na capital federal.
Aberta ao público no final de 2008 em um edifício projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a BNB conta com vários espaços e serviços à disposição dos moradores e visitantes do Distrito Federal. Entre eles estão as áreas infantil, de estudo e de descanso; mais de meia centena de computadores conectados à internet; auditórios e copa; e, claro, um vasto acervo de livros. Atualmente, são 53 mil, incluindo obras infantis, muitos delas, aliás, têm versões em braile e em áudio, para não deixar de lado pessoas com deficiências visuais e auditivas, respectivamente.
A professora e mestre em Linguística Juliana Ferreira avalia que espaços públicos como a Biblioteca Nacional “têm papel vital no fortalecimento de grupos de estudo e de apreciadores de livros”. Nesse sentido, a educadora ressalta que o Poder Público deve investir em ambientes como esse.
Inovações
Anualmente, segundo a Secretaria de Cultura, o Governo do Distrito Federal (GDF) são investidos, anualmente, R$ 3 milhões na BNB. Parte desses recursos permite montar e manter o espaço geek, que conta até com videogames. Assim, o interesse de muitos jovens foi conquistado, o que contribuiu para a curva ascendente com cada vez mais pessoas indo ao edifício localizado no início da Esplanada dos Ministérios.
Lucas Oliveira, 16 anos, aluno do colégio público Elefante Branco, explica por que começou a frequentar o local. “A Biblioteca Nacional ficou muito mais chamativa. Lá, o espaço geek sempre está lotado e é um refúgio contra as dificuldades da vida social. É um lugar onde me distraio e aprendo a mexer muito mais com tecnologias. Agora, sei utilizar o PC e escrever no teclado”, conta o adolescente, que costuma utilizar um dos computadores exclusivos para quem visita o ambiente.
“É ótima! Tem internet boa, ar-condicionado, fecha só às 22 horas, é um espaço maravilhoso”, considera o arquiteto Rafael Brandão, 32. O piauiense nascido em Teresina diz que nunca havia visto uma biblioteca assim em sua terra natal.
Para Ana Alonso, 18, aluna do Centro de Ensino Médio Ave Branca, “a Biblioteca Nacional permite você agendar o dia que quer fazer um empréstimo de livro e tem uma variedade imensa de gêneros literários, isso também me chamou muita atenção”.
Além de garantir o bom funcionamento de sua infraestrutura, implementar áreas internas que não são comuns para a maioria das bibliotecas e facilitar atividades educativas, a BNB apostou em eventos e em apadrinhar confrarias. A diretora da instituição, Marmenha do Rosário, diz que “o público tem ficado maravilhado” ao saber da existência do BNB Musical — apresentações musicais às últimas segundas-feiras do mês — e também os três clubes de leitura, e das contações de história no espaço infantil.
Por Caio Ramos do Correio Braziliense
Foto: Bernardo jr./Agencia Brasília / Reprodução Correio Braziliense