Brasileiros estão tomando remédios em excesso, alerta neurocientista

Em 2024, os brasileiros consumiram mais de 100 milhões de caixas de estabilizadores de humor, número que o especialista considera preocupante. Para ele, paciente não pode virar "refém" da medicação

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Durante o programa CB.Saúde — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — desta quinta-feira (23/1), Leandro Freitas, doutor em neurociências pela Universidade Federal de São Paulo, afirmou que é preciso encontrar um equilíbrio entre o excesso de remédios e a aversão a eles. Às jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte, o professor do programa de mestrado e doutorado em psicologia da Universidade Católica de Brasília comentou sobre a dependência que algumas pessoas desenvolvem por essas drogas.

“Nós não podemos ter uma farmacolatria, ou seja, acharmos que a medicação resolve todos os nossos problemas, mas nós também não devemos ter uma farmacofobia e acharmos que a medicação não tem o seu papel. Claro que ela tem, mas nós não podemos ser reféns”, afirmou. 

Ele comentou que segundo dados recentes do Conselho Federal de Farmácia, os brasileiros consumiram em 2024 mais de 100 milhões de caixas de estabilizadores de humor, número que ele considera preocupante. Freitas disse que a melhor saída para combater o crescimento de problemas com a saúde mental e, ao mesmo tempo, o consumo excessivo de medicamentos é o equilíbrio entre psicoterapia e farmacologia. 

“Quando a gente não consegue criar um processo de autorresponsabilização e entender que eu não posso ficar refém dessas questões, eu preciso me colocar em um local onde eu tenho o que fazer. O problema é que a medicação, quando a gente começa a virar refém, acaba sequestrando um pouco da sua identidade também, principalmente essas associadas a transtornos de humor”, alerta o neurologista.

Para ele, a solução começa pela procura de um profissional capacitado da área médica, para que ele possa fazer uma avaliação, prescrever o medicamento adequado e realizar um acompanhamento mais próximo do paciente ao longo do tratamento. Dessa maneira, o médico pode evitar que as pessoas passem a depender desses remédios para situações cotidianas como dormir, comer ou estudar.

* Estagiário sob supervisão de Eduardo Pinho

Por Henrique Sucena do Correio Braziliense

Foto:  Pedro Santana / CB / Reprodução Correio Braziliense

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