O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou presença em uma sessão privativa do filme Ainda Estou Aqui organizada pela Presidência nesta segunda-feira (24/2) às 20h, no Palácio da Alvorada. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também participarão ministros de Estado.
Durante seu discurso de posse em 1º de fevereiro de 2025, Motta fez referências ao filme e criticou a ditadura militar. Ele chegou a citar a famosa frase de Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte, durante a promulgação da Constituição de 1988.
“Na inauguração da nova Constituição, no mesmo célebre discurso, [Ulysses] pronunciou a frase que ainda ecoa nestas galerias: ‘Tenho ódio e nojo à ditadura’”, disse o parlamentar na ocasião.
“Temos que estar sempre ao lado do Brasil, em harmonia com os demais Poderes. Encerro com uma mensagem de otimismo: ainda estamos aqui”, disse o presidente recém-eleito ao finalizar seu discurso.
Memória curta
Na semana seguinte à eleição, no entanto, Motta foi alvo de críticas na imprensa e de partidos de esquerda ao dizer, em uma entrevista a uma rádio da Paraíba, seu estado de origem, que os atos 8 de janeiro de 2023 não foram uma tentativa de golpe, além de defender penas mais brandas para os extremistas que vandalizaram a Esplanada dos Ministérios naquela data.
“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições inimaginável. Agora, querer dizer que foi um golpe, golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, alegou.
A fala de Motta vai na direção contrária do que mostrou a Polícia Federal, que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro — apontado como líder da trama golpista — e outras 39 pessoas por planejar um golpe no fim de 2022. É sobre esse caso a denúncia da Procuradoria-Geral da República apresentada contra o ex-presidente na semana passada.
Ao Correio, nomes próximos a Motta disseram que o deputado não esperava uma grande repercussão de sua fala por estar acostumado a dar esse tipo de entrevista a veículos locais do estado. Como presidente da Câmara, no entanto, a repercussão é outra.
Ainda Estou Aqui
O filme retrata a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres), esposa do deputado Rubens Paiva (Selton Mello), sequestrado, torturado e assassinado pela ditadura em 1971.
A viúva, que também foi torturada, tenta cuidar de sua família e obter respostas sobre o desaparecimento do marido. O Estado só emitiu uma certidão de óbito para Rubens Paiva na década de 1990. Em 2025, o documento admite assassinato pela ditadura.
O filme foi indicado para os prêmios de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, categoria em que concorre a atriz Fernanda Torres. A premiação do Oscar está marcada para o próximo domingo, 1º/3.
Por Israel Medeiros do Correio Braziliense
Foto: Ricardo Stuckert/Planalto / Reprodução Correio Braziliense