Além de referência em doenças raras, cuidados paliativos e triagem neonatal, o Hospital de Apoio de Brasília (HAB) investe na reabilitação de adultos e crianças. Um setor em que a unidade vem se destacando é a oferta de mergulho subaquático como atividade auxiliar aos tratamentos de reabilitação motora.
O enfoque está em promover a melhor reabilitação funcional possível, atuando essencialmente para potencializar as funções preservadas do indivíduo. “Nosso esforço sempre foi no sentido de promover a melhor reintegração ao meio social”, ressalta o diretor de Atenção à Saúde do HAB, André Albernaz.
Além de médico, André Albernaz também é mergulhador. Seu envolvimento com o programa de reabilitação está para além do trabalho enquanto diretor do hospital. “Em 2019, tive uma doença autoimune que me causou tetraparesia [sequela neurológica]”, conta. “Tornei-me, então, paciente do HAB. A vontade de voltar a mergulhar ajudou-me muito. Quero oportunizar isso àqueles que estão em tratamento aqui”.
O mergulho subaquático
“Para mim, mergulhando em dupla junto a pessoas com deficiência, fica evidente que elas não possuem limitação alguma”Sérgio Simão, instrutor de mergulho
Também conhecida como mergulho autônomo, a prática prevê o uso de equipamentos para respiração e locomoção embaixo da água. Na modalidade acompanhada, que é executada na piscina do hospital, uma dupla mergulha de modo cooperativo. O instrutor de mergulho Sérgio Simão explica: “Nesse caso, é preciso estabelecer uma forte relação de confiança. O ambiente do HAB favorece isso. Percebemos que os pacientes têm completo comprometimento com o que orienta a equipe que os acompanha diariamente. Isso permite que realizemos uma prática segura e proveitosa”.
A atividade é oferecida mensalmente por meio de parceria entre a equipe Migulho e a direção do HAB. Em preparação há cerca de um ano para o mergulho adaptado, o instrutor afirma que a relação inclusiva beneficia todos os envolvidos. “Para mim, mergulhando em dupla junto a pessoas com deficiência, fica evidente que elas não possuem limitação alguma”, observa. “Na verdade, o que se faz necessário é apenas uma adaptação para a realização de qualquer atividade”.
O tratamento hidroterapêutico
A sensação de leveza encontrada dentro da água é benéfica e amplamente utilizada no tratamento fisioterapêutico. Alguns movimentos, antes difíceis, podem ser facilitados na hidroterapia. Nos programas executados na piscina aquecida disponível no HAB, os pacientes já estão acostumados com sessões desse tipo. A novidade está mesmo na prática de mergulho, oferecida desde fevereiro àqueles que têm interesse e recebem a indicação médica.
“Eu nunca imaginei que pudesse praticar algo desse tipo. Desde a primeira vez que encontrei a equipe de mergulho, já estou bem melhor. Agora consigo ficar de pé aqui dentro da piscina”Edivaldo Santana, paciente
“Por estarem totalmente livres durante o mergulho, os pacientes podem realizar movimentos que em pé ou apoiados não seriam capazes [de processar]”, detalha a fisioterapeuta Mariana Sayago. “Além disso, eles constatam que o mergulho é também uma atividade possível. Isso torna [o mergulho autônomo] altamente benéfico para a reabilitação.”
Em tratamento de tetraparesia decorrente de mielite transversa (inflamação na medula espinhal) desde o fim do ano passado, Edivaldo Santana participa dessas atividades. “Eu nunca imaginei que pudesse praticar algo desse tipo”, relata. “É uma experiência realmente mágica! Desde a primeira vez que encontrei a equipe de mergulho, já estou bem melhor. Agora consigo ficar de pé aqui dentro da piscina”.
Em reabilitação no HAB desde o início deste mês, Enaldo Freire, que também faz tratamento de tetraparesia, entrou para a turma do mergulho e confirma: “A piscina está me libertando. Eu nunca havia mergulhado e cheguei aqui sem poder mexer minhas pernas. Hoje eu as bati nadando aqui embaixo d’água”.
Os pacientes que participam da prática de mergulho são atendidos no Centro Especializado em Reabilitação (CER II) do HAB. O serviço de reabilitação física adulto e infantil é oferecido na modalidade internação e ambulatorial. Para agendamento da consulta, é necessário relatório médico para marcação da avaliação.
*Com informações da Secretaria de Saúde
Por Agência Brasília
Foto: Tony Winston/Agência Saúde / Reprodução Agência Brasília