Em 2 anos e 8 meses, Ceilândia, a maior cidade populacional do Distrito Federal, acumula queda na ocorrência de crimes. Os bons resultados aparecem tanto no número de ocorrências dos crimes violentos quanto nos contra o patrimônio. A maior queda é em roubos em coletivos, que caíram 76% em 2021, se comparado ao mesmo período de 2018. De janeiro a julho deste ano, foram 35 casos contra 150 nos mesmos sete meses de 2018.
Ocorrências de homicídios, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte, os chamados crimes violentos letais intencionais, também caíram. Os registros de homicídios tiveram queda de 38%, os de latrocínio passaram de três para dois e as lesões corporais seguidas de morte caíram pela metade.
Roubos a pedestres, roubos de veículo e em comércio, incluindo casas lotéricas e postos de combustíveis, também tiveram redução significativa, com percentuais de 45%, 50% e 47%.
Uma das explicações para a queda dos índices de criminalidade na região é a Operação Epicentro, uma iniciativa local da administração regional e da Polícia Militar e Civil que atua na cidade. A operação, um trabalho integrado entre as forças de segurança, reúne o efetivo dos dois batalhões da PM e das quatro delegacias circunscricionais de Ceilândia.É feita principalmente no centro da cidade, em locais de grande circulação de pessoas e de ocorrência de crimes como roubos e furtos a pedestres. “É feito um levantamento de dia e hora de maior cometimento de crimes. A operação começa por volta de 16h e não tem hora pra acabar”, afirma Fernando Fernandes, delegado de polícia e administrador de Ceilândia.
Combate ao tráfico de drogas
Segundo ele, a Polícia Civil faz um trabalho prévio de inteligência com policiais velados que observam o movimento dos traficantes de drogas, bem como dos chamados ladrões de oportunidade.
“São aqueles que abordam principalmente mulheres e idosos, vítimas mais vulneráveis”, explica. “Os policiais observam onde eles agem e onde eles se escondem. No dia da operação, a PM, com apoio da Polícia Civil, aborda os suspeitos e encaminha os ladrões e traficantes para a delegacia”, acrescenta o administrador.
Desde junho de 2021, seis edições da Operação Epicentro foram realizadas, a última delas na no dia 27 de agosto. Participaram da ação, cerca de 40 policiais militares, 20 agentes e escrivães e dois delegados de polícia. Em pouco mais de duas horas, a PMDF abordou 250 pessoas, das quais sete foram levadas para a delegacia e autuados por receptação, tráfico de drogas, porte de drogas e porte de arma branca.
“É uma operação que demanda uma investigação prévia. O trabalho de identificação do traficante preso, por exemplo, levou dois dias”, afirma o delegado chefe adjunto da 23ª DP, Vander Braga.
Segundo o delegado, a polícia pretende fazer as operações de forma rotineira no centro de Ceilândia, de uma a duas vezes por mês. Em julho, o foco foi a “Feira do Rolo” com o objetivo de coibir a prática constante de delitos naquela região, em especial o tráfico de entorpecentes, uso de drogas ilícitas e receptação de produtos provenientes de crimes, principalmente celulares.
Onze pessoas foram conduzidas à delegacia sendo que, destas, sete foram autuadas pelos crimes de receptação dolosa, receptação culposa, porte de entorpecentes e de documentos falsos. Foram apreendidos 17 aparelhos celulares, entorpecentes e instrumentos cirúrgicos de alto custo pertencente ao Hospital Santa Luzia.
Ainda, com a colaboração do DF legal, vários comerciantes em situação irregular tiveram suas mercadorias apreendidas administrativamente.
O major Katsuhiti Ricardo Gadelha Kotama, comandante do 8º Batalhão de Polícia, ressalta que se trata de uma ação rápida que tem o objetivo de cercar o centro da cidade e impedir delitos, muitas vezes cometidos pelo próprio usuário de drogas. “Ele furta um celular e muitas vezes já o repassa ali mesmo, troca por drogas”, diz.
O administrador de Ceilândia diz que o tráfico de drogas é responsável por outros crimes. “A gente sabe que onde tem o tráfico, há ocorrência de outros crimes. Onde há disputa por território há lesões corporais e homicídios. A experiência de mais de 25 anos na polícia mostra que quando se combate o tráfico de drogas, a tendência é a queda da criminalidade em geral”, afirma.
Policiamento rural
O administrador de Ceilândia afirma que, em conjunto com a Polícia Militar e a Polícia Civil, está tentando reativar o policiamento rural na região. “Já nos reunimos algumas vezes com os dois comandantes dos batalhões, o delegado-chefe da delegacia que cobre a área rural e o comandante do Batalhão Rural para reativar o projeto guardião rural e o policiamento rural”, afirma Fernando Fernandes.
“Temos um Batalhão Rural no DF, mas é muito longe, em Planaltina. Precisamos revitalizar pelo menos os postos policiais rurais para dar mais agilidade e rapidez no atendimento das ocorrências”, afirma.
Os chacareiros que participam do programa Guardião Rural podem trocar mensagens com os vizinhos e enviar a localização da propriedade para a polícia por meio de um aplicativo. Além disso, recebe uma placa confeccionada pela polícia com o número do cadastro da propriedade.
Ela deve ser colocada na entrada da propriedade, avisa que o local é monitorado pela polícia e, por meio do código, os policiais acessam a ficha do morador e dos bens da propriedade, agilizando o atendimento.
Por Agência Brasília com informações de Sueli Moitinho
Foto: Divulgação PCDF